quinta-feira, 14 de maio de 2015

Manoel Manoel!!!

                                                       






                                                       

O jeito estranho dos humanos se relacionarem é algo intrigante, até mesmo para dois elefantes.
Diziam dois anjos que estavam pela Terra vaguear.
Como não falamos as línguas dos anjos chamaremos um de Manoel, e o outro de Alfredo assim para nos situar no desenrolar dessa história, do contrário ficaríamos falando um falou isso o outro falou aquilo, o que confundiria ainda mais a mente confusa  natural  do ser humano, que se atenta para simples detalhes e esquecem de se atentar para a moral da história, que se importam com o que não tem a minima importância, e desdenham do que há.
Mas sem mais delongas vamos aos fatos!
Manoel resolveu olhar mais de perto esses humanos que faziam parte dos seus dias e do seu imaginário, queria entender o motivo das lagrimas diárias e do pesar constante do Seu criador com a humanidade, da qual Ele nutria profundo  amor.
Como bom anjo que era não desejava ser como aquele outro e se rebelar com o Seu Bom criador por uma simples curiosidade, resolve pedir permissão para sua excursão.
Tens a permissão Manoel sobretudo não iras sozinho leve consigo o arcanjo Alfredo.
Obedecendo a ordem que lhe fora dada, Manoel agradecido, se encaminha na direção do arcanjo em questão, e o dois deixam para traz o conforto e a tranquilidade do céu e se embrenha, no desconhecido, e curioso mundo dos homens.
Ao chegar na Terra sentem um cheiro estranho mas bom que nós costumamos chamar de cheiro de terra molhada, conjuntamente com esse cheiro sentem nos seus rostos algo gélido e úmido causador do cheiro de terra molhada que irradiava suas narinas sensíveis, a tão familiar para nós chuva. Sensação essa que Manoel fez questão de guardar, e por vezes no céu fecha os olhos tentando voltar, a sentir a alegria da sensação do desconhecido, respira fundo tentando acionar memórias olfativas inexistentes.
Eles estavam em um campo rodeado, por gado, e a alguns quilômetros de distância avistavam uma simples mais acolhedora casa de campo.
Alfredo é o primeiro a pronunciar algumas palavras diante daquela
estranha situação.
Avistei uma casa de humanos nos encaminharemos para lá, para que você tenha sanado todas as suas dúvidas que estão a ti perturbar, após essa visita voltaremos para as nossas funções celestiais, e deixaremos esses humanos que tanto lhe instigam, e lhe intrigam, há se rebelar como de costume com o nosso Criador, não me sinto bem nesse lugar, a terra é fétida.
Desligado das novas sensações, pelo seu amigo anjo por assim dizer, os dois se encaminham silenciosamente a passos largos para a singela casa, na mente de ambos uma ansiedade, tomava conta de seus corações se assim tivessem, “ O que há de nos esperar lá”?
Chegando na casa, que há minutos avistaram de longe, visualizaram, uma humana de meia idade, no que chamamos de cozinha, cozinhando para alimentar a sua família, conclusão que os dois anjos chegaram de conversas que escutaram no céu, família para eles funciona da mesma maneira que para nós já que quem criou a instituição familiar em questão criou também ambos, anjos e a raça humana por eles sendo estudada.
Com olhar curioso Manoel adentra a casa, para ouvir as conversas, e sentir-se próximo de algo que tanto lhe instigava, algo desconhecido que povoava sua mente, no Cairos que era o seu tempo, não havendo diferença no cronos que é o nosso, quanto mais os conheciam mais eles os intrigavam, quanto mais os conheciam menos os entendia.
No decorrer corriqueiro de todas as famílias chamadas por nós de normais, não nos atentaremos, para pequenas coisas que lhes indignavam, atitudes mesquinhas, nada comum ao senso que ambos tinham de relações familiares, aprendidas diretamente com o  seus Criadores, mas normais para nós seres humanos, como o esconder de um doce para não ter que dividir com os outros, o negar um favor podendo fazer, o palavras ferinas simplesmente pela raiva fazer parte daquele momento de você.
 Achavam estranho também o fato deles se atentarem para objetos geométricos luminosos com tanta atenção não conversavam entre si como imaginava o pobre Manoel.
Mas o que causaram mais estranheza foi um fato que acontecera, quando todos estavam prontos para se alimentarem, ambos saíram dos seus respectivos lugares separados, ao ouvirem a senhora de meia idade os chamar, dizendo que o jantar pronto estava.
Essa família se resumia ao que chamamos de mãe, pai, e filhos, dois filhos, do sexo masculino, ambos na puberdade, só para constar.
O pai estava em seu quarto com o objeto retangular na mão, conversando com uma tal de dona Mercedes, fato esse dito após pelo arcanjo Alfredo que vira, e leu algumas mensagens que estavam a trocar, o que entendeu até então que em breve eles iriam se encontrar, para testar uma nova posição, de um livro chamado kamasutra, curiosidade que os perseguem até hoje tanto Manoel quanto arcanjo Alfredo não sabiam de qual livro se tratava, pois ambos procuravam, esse livro e não achavam, achavam apenas, Lucas, Gênesis, Marcos, Apocalipse mas o tal de Kamasutra ah! Esse nunca acharam, depois de muito conversar, chegaram a conclusão, não uma conclusão em si mais algo para amenizar a angustia de não saber do que se tratava, acharam por melhor achar que o tal livro era uma forma diferente de chamar, os livros contidos naquele livro.
Mas voltando para os acontecidos que nos trouxeram aqui, o pai estava a falar com sua amiga Mercedes, e os filhos estavam, também a frente de objetos luminosos, retangulares, um estava em um tal de facebook gongando os trochas palavras usadas pelo próprio, e o outro estava jogando um jogo chamado GTA, ambos não entendiam porque ele achava graça em desobedecer o Criador, não falastes para não roubar questionou Manoel o arcanjo Alfredo,
talvez ele estava errado e o arcanjo como estava em uma posição maior que a sua entenderia melhor, mas ambos o maior e o menor chegaram na mesma conclusão, Ele disse isso “Não roubarás”!
Cá entre nós sorte dos anjos terem saído antes das mortes e fudeção oferecidas pela liberdade do jogo, não suportaria tal decepção. Pois para ambos não há o real e o irreal, o cibernético e o não.
Como um estouro de uma boiada, eles rapidamente se dirigem para cozinha, em silencio, todos pegam um objeto circular que chamamos de prato, e servem-se da simples comida que lhe esperavam.
A mãe pede para que eles permaneçam a mesa para comerem juntos, pai e filhos recebem o pedido com bufões e faces de palpável descontentamento, mas como o desejo da mãe, sentam-se
para não haver mais reclamações. A essa altura o pobre do anjo Manoel estava consternado, com a forma, familiar dos humanos, que tanto diferia da que ele imaginava nas suas quimeras celestiais. Decepcionante?
Para ele mais que decepcionante, não acreditava no que seus olhos estavam a presenciar.
Entre reclamações, da mãe, e argumentações feroês do pai e dos filhos, passara aquele jantar, condoído com a situação ambos não sabiam como se portar, o que a mãe estava a pedir, era o que eles tinham por ciência ser algo familiar, como o Criador criara eles, para que todos sejam uma grande família celestial na terra, até então os anjos não vira nada de familiar nos humanos, até ouvir os lamentos daquela mãe, ser desprezados pelos outros familiares.
O lamento deu lugar para palavras que ambos concluíram não fazer parte da mãe de minutos atras, o fato acontecera quando o filho mais novo pela desatenção natural da idade, e o desejo de voltar para o objeto luminoso, levanta da mesa e vai em direção a pia para depositar o seu prato, e esbarra no vaso da sua mãe, e espatifa  todo ele no chão, desesperado o guri olha para mãe como se já soubesse de tal reação, pedindo desculpas foi sem querer pode deixar eu cato tudo, não tive a intenção!
Manoel depois de um tempo confessa ao arcanjo Alfredo, que não esperava tal atitude advinda da mãe, que enlouquecida, profere palavras horrendas que não a reproduziremos, como se o pobre guri tivesse feito com a intenção de lhe ferir, não entendiam o valor depositado pela mãe naquele brega vaso, não entendiam como o desejo familiar da mãe fora apagado por um simples vaso quebrado, em meio a lagrimas o guri se retira e vai para o seu quarto, batendo o pé, as portas, e deixa os cacos do vaso para quem quiser que os cate esse caralho, palavras ditas pelo guri, os anjos entenderam que o vaso tinha dois nomes, como tantas outras coisas que tem dois nomes que nós mesmos damos.
O pai fingindo que nada aconteceu volta vai para o quarto conversar com a dona Mercedes quem sabe discutir, lições novas daquele livro que os dois gostavam de estudar juntos, o filho mais velho tira uma foto do vaso quebrado, dizendo que iria zoar seu irmão retardado no face, em meio a risos sai da sala, e vai fazer o que prometera, os anjos não entendiam como ele achava graça de tal situação.
A mãe em meio a lamentações levanta-se e vai catar os cacos que estavam por todo chão, essa hora reclamando de Deus e de sua falta de atenção para com ela.
Essa altura Manoel tomado por um misto de decepção e profunda indignação resolve que o seu tempo na terra acabara, desejava voltar para  o alento do seu lar, e viver uma vida realmente familiar.
Ambos finalmente entenderam as razões das lagrimas que desciam o rosto celestial do Seu criador ao olhar para sua criação na terra,
viam que O Seu desejo nem de perto se realizara, mas sempre O ouviam dizer que se realizaria, esperamos que sim, e como se trata daquele que tudo criou que de onde a mentira e o engano jamais sairá, entendemos que sim um dia acontecerá, não hoje, mas acontecerá!
Retornam ao céu, e em prantos Manoel vai até o Seu criador, dizendo que entendia, a sua dor, não entendia os humanos, que se apegam a coisas tão frívolas e sem importância, que se importam tanto com o que não tem importância, e tratam com desprezo o que há, não entendiam porque haviam pessoas com fome e toneladas de comidas sendo desprezadas, pessoas sentindo falta de abraços com tantos braços vagos, pessoas pedindo amor ofertando ódio.
Manoel em meio suas palavras desconexas pelo nervosismo é aclamado por um abraço acalorado do Seu criador, dizendo, tu não vistes nada Manoel, tu não vistes nada Manoel!


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